sobre fio de lume
Lançamento na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga, a 10 de Abril 2008. Apresentação de valter hugo mae.
Lançamento na Livraria Bulhosa - Entrecampos, a 11 de Outubro 2008. Apresentação de José Tolentino Mendonça (texto). Poemas ditos pelo Júlio Martín.
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dos dias quando passam
permeáveis a quê se a luz nos basta? (laura) quem se não tu me sustem no vento quem descose o pesponto que me ata quem recorta meu rosto sobre o tempo? (francisco) recomeço (explico-te) em cada estremecimento mudo de uma palavra azul excepção feita (dizes) aos adjectivos dejectos ditongos e certas manhãs de chuva mais claras (laura) quando porém o tempo se comprime à altura dos olhos magoados e dizer-te por fim é um deserto persiste apenas sobre meu corpo aberto a desmedida usurpação da luz onde antes os rostos desabridos agora a voz descalça (laura) o ofício da idade é pernicioso e vão porque me encerra em palavras sem arestas onde passos só esparsos se comprazem em disformes miríficos enredos a imaginação apura-se com o passar dos anos porque os dias são espelhos sem mercê soletração vazia de segredos imagens que te ocultam onde se inclina a ausência e eu sou parte o mundo é vasto e árduo e sem desígnio epílogo ocasiões há da noite em que as mulheres escondem a exacta proporção do tempo: o que passa fica surdo ao piar do tordo quando fulge a profunda escassez do rosto que por uma vez se toma por sinal: uma falta em nós certa veia que o tempo abrirá à ampla lisura do silêncio ocasiões há da noite em que as mulheres desdobram nos cabelos a milenar habitação da luz: na travessia do seu colo refracta-se a vastidão da alba risível e inútil a imperfeição humana |